terça-feira, abril 25, 2006

A CAMINHO

Dia 25 de Março 2006, 13:00 - Entro no avião da KLM pronto para percorrer 16.000 km, meio globo terrestre e ir viver e trabalhar para um local do qual pouco ou nada sei.
Com tudo o que tinha para terminar e deixar encaminhado no meu trabalho e vida pessoal, quando fiz contas ao tempo vi que já não tinha muito.
Iniciei uma verdadeira maratona de fechar pontas soltas, passar pastas e tratar de coisas essenciais para a viagem sempre com a esperança de que o cansaço acumulado me venha bater forte e enterrar na cadeira do avião para só acordar quando o trem de aterragem tocar de novo na pista.
Como o trabalho é sempre mais urgente... tinha conseguido chegar à noite de sexta feira dia 24 sem ter metido nada dentro das malas! Tratei de quase tudo o que ia precisar e isso era o mais importante. Com esta certeza, e por isso mais descansadinho... fui beber a bela da buja à catedral (Eduardo das conquilhas) com o pessoal.
Ah... que saudades daquelas cervejinhas a saber a camarão... e da bifana com colorau...
Foi muito bom. O pessoal apareceu (quase) todo e acabou por se juntar numa daquelas noites em que aparece imensa gente e ficamos todos ali na palheta horas e horas a fio. Mais uma buja, mais uns tremoços, o pessoal todo na rua... espectáculo!
No fim de muitos abraços e muitos beijinhos acabei por sair dali já tarde... mas quatro horas depois já estava de novo no escritório... uma ultima arrumação para deixar aquilo em condições... um bocadinho mais de stress... enfim, continuava a investir na teoria do sono pesado no avião... chego a casa atiro tudo para dentro das malas e tento fechá-las!

Ora, como diz aqui o meu colega Isaque “bananeira não dá uvas”! ou neste caso “meter o rossio na botesga” também se aplicava bastante bem!
Não cabia tudo! Se não fossem os meus pais a ajudar, não sei como teria conseguido fazer tudo a tempo... o meu pai com a suas técnicas infalíveis de arrumação aprendidas nos tempos em que andava nos submarinos da armada conseguiu encaixar tudo e fechar as malas!
Mais tarde venho a constatar que só levo 9 quilos a mais na maior e 4 quilos a mais na menor... fora o portátil ao ombro. Tou frito! pensei ao ver a balança o aeroporto...9 quilos? Como é possível ?!? vou pagar um balúrdio!! É que 9 quilos nem dá para tirar umas coisinhas para levar na mão...
Bom, seja o que ele quiser!... aprendi que a KLM é uma granda companhia e não é nada esquisita com excessos de peso. Na boa! E visto para entrar na indonésia? Também não tem? Na boa! faça favor!!
A partir de aqui é só curtir... á ultima da hora aquele tipo de coisas que é proibidíssimo levar connosco no avião acabou dentro da mala errada e sempre que mudei de avião revistaram-me a mala e encontraram sempre qualquer coisa!?! Sim, porque há coisas que passam em Lisboa e já não passam em Singapura – uma colher por exemplo! E em Bali até embirraram com um corta unhas!! Sharp! sharp! Diziam elas a apontar para o objecto... depois de tantas horas já não estava com paciência para sequer responder. Agora incrível foi em Lisboa não terem dado por um canivete suíço que eu acabei por pôr no correio em Amsterdão! Isto dá que pensar... um gajo moreno, barbudo e peludo... podia ter sido muito pior.

Passadas 20 horas de aviões impróprios para pessoas com mais de metro e meio e aeroportos gigantes, alucinantes e flashantes (Singapura recomenda-se!) aterrei em Bali. São oito da noite e não se passa nada! “Because of the bombs, bad for business” explicava o motorista.
Para mim Bali foi um hotel puxadóte com um bar de Karaoke manhoso onde fui beber uma buja antes de me ir deitar e onde uma pobre coitada animava com a seus dotes karaokestos uma mesa de 4 pessoas que não lhe ligavam um chavo.
Dava para ver que o hotel era mesmo em cima do mar mas foi de manhã que a coisa ganhou forma. Ainda dei um pulo á praia que era mesmo em frente e deu para ver o mar, mas fui logo tomar o pequeno almoço pois tinha que apanhar o avião para Díli !! – final destination, até lá estava “in transit” o que é o mesmo que andar no limbo... no não sitio, porque se quer mesmo é chegar a outro.

Convêm explicar que a minha teoria do sono profundo falhou redondamente.
Completamente estafado mas nervoso para que nada falha-se e com um bilião de cenas a correr na cabeça não consegui descansar em condições durante toda a viagem e agora que aqui estava já o jet-leg tinha batido e enganado completamente o meu ciclo do sono. O facto de andar a dormir 4 horas à uma semana não deve ter ajudado... mas foram precisas passar mais duas semanas para conseguir dormir mais de 5 horas por noite.

Uma coisa engraçada acontece quando se vem para cá. A partir de Amesterdão a dimensão e qualidade da aeronave que nos transporta decresce... e chegado a Bali e constatado a dimensão e pinta geral do “aeroporto” local, estava já preparado para entrar num objecto estilo bi-hélice, à Indiana Jones com galináceos à mistura!
Mas vá lá... não vou ser mauzinho, a Merpati estava á altura do acontecimento e transportou-me direitinho até Dili com direito a janela e quatro assentos só para mim! Um luxo!

Estar à janela do avião foi excelente pois a aproximação a Díli é lindíssima. Sobrevoamos ao largo da cidade, sobre a frente de mar com a ilha de Ataúro do nosso lado direito e a marginal do lado esquerdo. Dá para termos logo uma ideia do que é aquilo. Uma cidade baixa, pouco densa com telhados em chapa metálica enferrujada... as casas de tijolo vêm-se logo à distância, não são muitas... a grande mancha urbana é composta por construção precária de madeira. Algum movimento na marginal, mas nada de especial. Uns barcos ancorados, outros a navegar. - Hum... uma cidade pacata.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Granda Diogo!

Ora viva rapaz. Fico contente por saber estares porreirinho.

Já estive a ver o link com as fotos. Altamente :)

Entretanto já começaste o teu trabalho?

Em relação à possibilidade da China... esquece! Falei com o meu irmão que me disse que o nosso primo quer mesmo o nosso irmão Nuno.

Mas tb já soube que o Nuno não está nessa, pois ainda agora está a abrir um novo atelier em Portalegre.

Entretanto, que tal a gastronomia, os pitéus aí dessa terra?

Já te estou a ver a comer sopa de lagarto, cobra frita recheada com baratas, dog olhinhos à lá guilho :) ehehe

Bem rapaz, espero mesmo é que te estejas a divertir TAMBÉM!!! Experiências dessas, de ir conhecer outras paragens, outras gentes, são sempre muito enriquecedoras!

APROVEITA BEM MAN!!! :)

Abração,

Carlos.

5:28 da tarde  

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