terça-feira, fevereiro 20, 2007

Novo Blog / New Blog

Este blog deixou de ser actualizado. A partir de hoje passarei a usar exclusivamente o seguinte blog:
http://www.sardinhaassada.blogspot.com/
Obrigado

terça-feira, junho 20, 2006

Ultimas

Pois é amigos, já passou a tormenta... vivemos em Dili aquilo a que se tem chamado de paz podre... e a expectativa é grande para o futuro próximo.
Parece incrível mas o mundial está a dar uma mãozinha... os jogos são durante a noite e por isso de dia ninguém tem força para ir queimar a casa do vizinho...
Mas pelo menos é paz suficiente para dar descanso ao espirito e tranquilizar as mentes.
Já tenho confirmação que volto para cá pelo menos por mais três meses. Fico contente pois estes três que passaram foram demasiado atribulados pelas piores razões... e acabei por não ver quase nada do país. Quando voltar é a desforra!
Quanto aos contactos para “saltar” para outros lados... mantêm-se em aberto... nunca se sabe.

Chego este sábado dia 24, por isso... buja na catedral!! Á hora do costume!! He, he... cervejinha a saber a camarão!... hummm

sexta-feira, junho 16, 2006

Na mouche!

quinta-feira, junho 08, 2006

Apelo á rede de contactos!

Isto por cá ainda é tudo uma grande incógnita! A situação política não se resolve e eu estou a ver que se isto se arrasta tenho que tomar medidas drásticas! :)
Se isto se mantém acabamos por perder todos os clientes e temos que suspender todos os trabalhos... bom, alguns já estão suspensos mas sendo o governo o nosso principal e potencial cliente, pois estava-mos à espera da confirmação de uns trabalhos bastante grandes, se ele cai... muito provavelmente caímos com ele! Ou não... já não sei nada!

Por isso coloca-se um dilema. Ir ou não para Portugal neste dia 26.
É que muito provavelmente já não volto para cá! E isso é um duro golpe nos meus planos pois tinha a expectativa de ficar fora um ano.... seis meses no mínimo!
Já ando a ver se consigo arranjar alternativas por cá mas não há muitas... outra hipótese é retentar a indonésia mas já não tenho muito tempo para isso... também ando a pesquisar ateliers na Austrália pode ser que apareça algo... ou Macau também não era mau.
Bom... se tudo correr mal acho que vou mas é alterar o meu bilhete e faço uma mega viagem! Estou aqui no outro lado do mundo e vou me meter em Portugal sem ver nada disto?!? Nãaa....
Tudo se vai definir na próxima semana.

Por isso lanço este apelo. Alguém conhece alguém que esteja por estas bandas... e com isto quero dizer, pela Ásia e Ásia Austral a trabalhar em algo que se aproxime remotamente da minha área? E vendo bem nem precisa de ter nada a ver... desde que seja interessante.
Outro pais que gostava de tentar é Moçambique!

Por mais remota que seja a hipótese não vacilem! Enviem-me o contacto que do resto trato eu! Obrigadinhos...
Já sabem: voltaemeia@gmail.com

A Invasão

O exercito australiano conseguiu transformar esta cidadezita pacata num campo de treinos para a cambada magala bifa e acabaram com a relativa tranquilidade que cá se vivia, pois passam o dia e a noite a brincar com os seus brinquedos de guerra pela cidade toda! Está certo que os últimos tempos não tem sido calmos, mas agora o ambiente que se vive dentro da cidade é bastante desagradável com a agravante de que a presença australiana tem-se revelado completamente inútil a lidar com estas situações dentro da cidade.
Ainda estou para perceber porque é que andam a patrulhar a cidade com tanques... Os Timorenses andam com catanas e fisgas...

Por cá já reina uma desagradável sensação de que o pais foi pura e simplesmente invadido pela Austrália... é o país com maiores interesses económicos instalados em território Timorense e entrou por aqui com a infantaria toda em peso.
O cenário já começa a ficar mais óbvio... inclusive o povo australiano já começa a dar conta pois os jornais já exploram a coisa por esse prisma.

Teorias da conspiração à parte a verdade é que todas as tropas que estão cá estão sob as ordens Australianas. E as únicas que não estão são os nossos GOE e GNR. E entre esses e os Australianos já está a haver fricção! E este não é rumor (daqueles que circulam aos milhares por este pais)... sei por falar com eles pessoalmente – aqui ando muito bem relacionado!

Se não vejam o seguinte.
A semana passada a nossa casa foi ocupada por uns adolescentes manhosos. Nós já não estávamos lá a viver pois a situação por aquelas bandas estava tensa e decidimos ir passar uns dias mais para o centro da cidade até aquilo acalmar. Ora eles percebem logo quando a casa está vazia e assaltam e saqueiam tudo!
Demos por isso quando o Álvaro, num giro de rotina para ver se estava tudo ok... ia a entrar no quintal e vê os mens a aparecer! Bom... pernas para que te quero! Telefona-me e vamos juntos buscar os GOE. Mas eles parecem um pouco reticentes e até nos chegam a dizer que vão “por especial favor” que nem deviam estar operacionais pois havia atritos com os austrálias! Ora isto para nós era novidade... não poder-mos sequer contar com as nossas forças nacionais, é suficiente para começar-mos a odiar os austrálias!! Então por causa das trincas políticas/económicas deles não posso contar com a minha segurança? A verdade é que estas coisas facilmente atingem negativamente a vida dos simples peões que por cá andam.
É que pelos vistos os austrálias não gostaram de passar pela má figura de quem não faz nada e se limita a ver as coisas a serem saqueadas e queimadas! Para depois chegarem os GOE darem dois gritos e umas palmadas no ar e a multidão saqueadora dispersar! Isto foi real, foi mesmo assim e foi mesmo aqui ao lado do meu trabalho!

Voltando à casa...
Chegamos com dois GOE e ainda apanhamos meia dúzia de mafaricos dentro do quintal! Corre para aqui, corre para ali, gritos de ordem, armas no ar! o filme completo!! Tudo corrido a sete varas, ficámos com um “refém” enquanto o resto do gang ia ver das motorizadas roubadas... nisto aparece o vizinho, o filho e a mulher, que afinal até é cunhado do senhorio e que já tinha visto a casa naquele estado!!... “mas se o meu cunhado fugiu para indonésia eu é que tenho que tomar conta disto?!?”. Confrontados com a realidade destas situações em que vale o “salve-se quem poder” acima de tudo, acabamos por deixar ir o preso e desistimos da ideia de alguma vez voltar àquela casa.
Nós sabia-mos que vandalizarem a casa não estava distante...por isso já tínhamos retirado de lá tudo o que era nosso e da empresa.

Isto já foi à mais de uma semana

Entretanto chegam os tão aguardados GRN!! Todos esperavam por eles. Nunca na minha vida tinha visto tanta gente gostar dos GNR! Tanto Timorense que todos os dias me perguntava quando eles chegavam... é que pelos vistos são os únicos que arreiam grossa porrada na farta vilanagem!! E é mesmo disto que esta cidade neste momento precisa! não é de uns bifes a passear de tanque com um ar pachola e a distribuir 1 dólar ás criancinhas por cada palavra que dizem em inglês!!
Entram na cidade aplaudidos e submersos num mar de pétalas de flores por uma multidão de Timorense que vê neles a solução para o actual problema... mas o que eles não percebem é que o problema maior, a raiz do problema ainda está por resolver!

Os governantes deste pais não se entendem!
E não é de agora, eles já andam ás turras desde que uns ficaram a segurar o forte durante 24 anos no mato e outros foram fazer a luta diplomática para o estrangeiro!
Desde então começaram lentamente a percorrer caminhos divergentes e a determinada altura a necessidade de tornar apolítica a resistência Timorense foi a gota de água. Os teóricos políticos no exterior não viram isso com bons olhos pois para eles a doutrina estava acima de tudo... mas para aquele que lutava no mato, só assim conseguia distanciar-se duma imagem “vermelha” e ganhar apoios e visibilidade internacional, que se revelou essencial para chegar à independência.
Se suma-mos a isto uma população maioritariamente agrícola e iletrada com uma cultura fortemente étnica/regional que está habituadissima a andar em guerras (entre eles próprios ou contra invasores), que deu tudo pela liberdade e por um pais “democratico”, e que fartos de serem espezinhados não estão para aturar um primeiro ministro “arrogante”, temos o “barril de pólvora” perfeito para rebentar com esta frágil democracia.

E por falar em democracia... que raio de democracia é esta onde a bandeira nacional é igual à do partido maioritário?!? A maioria da população iletrada olha para um boletim de voto e vê uma bandeira igual à nacional... acham que vai fazer a cruzinha no quadradinho do lado?
A democracia não se conquista, aprende-se! Se em Portugal, 30 anos depois ainda está a ser “aprendida” não tenhamos ilusões que em Timor havia de ser diferente.
Escolas, professores e cultura, é disso que este pais precisa! Sem isso estão a construir tudo o resto sobre pés de lama.

Bom... Independentemente de quem motivou tudo isto e por que razões o fez, nu e cru o cenário actual dentro de Dili é este:

1- A Australia está cá com uma força de guerra muitíssimas vezes superior ao esperado (e desejado) e conseguiu sacar um acordo para cá ficar 10 ANOS!!
2- As tropas Australianas nada fazem para impedir as queimadas e os roubos das casas particulares e deixam inclusive saquear um armazém do governo cheio de computadores, mobília e instrumentos musicais.
3- Os austrálias deslocam-se a Portugal para negociar o comando das nossas forças armadas aqui em Dili.
4- Os GOE chegam para segurar a nossa embaixada mas acabam por também actuar de forma eficiente no conflito urbano (que é essa a sua especialidade) e logo os austrálias intercedem junto do governo a dizer que há sobreposição de missões, objectivos e... hierarquias – that’s what it’s all about!
5- Chegam os GNR, que vem com a missão especifica de policiar a cidade, ou seja intervir, fazer cumprir a lei, prender criminosos!... passado uns dias a mesma cena com os austrálias.
6- Querem retirar do governo o único gajo que fez frente aos vários avanços das várias sanguessugas capitalistas que andam a cortejar a economia deste pais – o Alkatiri (O gajo pode ser arrogante, mas não é estúpido!)
7- O nosso querido Horta “prémio nobel” é um vira casacas de primeira. Ora diz, ora desdiz. Esta semana é uma coisa depois é outra.
8- Os austrálias conseguiram entrar de tal maneira no pais que os políticos Timorenses ficaram de “mão atadas” ao ponto de deixarem crescer inimizades entre as várias forças armadas internacionais presentes.

Neste cenário não é de espantar que haja interessados em manter a desordem dentro da cidade para justificar a sua própria presença fortemente armada.

quinta-feira, maio 25, 2006

23 Maio

Hoje chove a cântaros.
Ainda não tinha visto chover assim... parece que o céu resolveu baldear a terra. As ribeiras transbordaram e as estradas transformaram-se em rios, houve “estradas” que desapareceram, no seu lugar ficaram charcas enormes que chegam a entrar por casas e tornam inacessíveis carros e motas apanhados desprevenidos pela enxurrada.
Neste dia somos prisioneiros da chuva e das circunstâncias. Desde ontem à tarde que a cena nacional aqueceu de novo e hoje recebemos indicações para “limitar-mos a circulação ao indispensável”. Já não recebia-mos mensagens da embaixada à duas semanas.
As expectativas colocaram-se sobre o dia da independência. Previam que com a aproximação dessa data fosse sucedendo uma escalada de contestação e violência. Mas essa data passou até de uma forma bastante calma e ordeira... estavam a deixar passar a maior...
De qualquer das maneiras, já habituados à situação, não nos deixamos ir abaixo e tocamos a vida para a frente. Mas nada de grandes aventuras... sobretudo a solo!

Na reunião de emergência convocada à duas semanas pela embaixada de Portugal a situação foi explicada. Nada que já não soubesse-mos. Mas deram-nos alguns inputs novos. “Tenham a mala sempre a postos mas no máximo com 15 kg!. E quando receberem a mensagem dirijam-se todos para a casa do embaixador!”, ora logo aqui a coisa falha... pelas razões que já expliquei! A mensagem não chega e a mala nunca está mesmo já feita! Quando dermos pelo alarido nas ruas já não há tempo para pensar em mais nada, é localizar o pessoal e rumar para o centro.
Claro que houve logo confusão e reclamações! As pessoas nestas situações fazem as perguntas mais idiotas! “Quem paga a viagem? e as crianças quem lhes paga o bilhete? E quem garante o isto e aquilo? E os nossos bens??” O adido da segurança e o embaixador tiveram que aguentar o barco e acalmar os ânimos.
As pessoas pensam que a embaixada tem responsabilidades sobre a sua segurança e obrigação de a garantir. Essa foi uma lição que os mais “distraídos” aprenderam. Cada um está por si. Cada um é dono do seu próprio nariz. Se não gostam da situação façam as malas e amanhã metam-se num avião! Quando existe força nacional armada no território pode ser diferente, mas neste caso não... e para além disso a embaixada faz os possíveis, mas não consegue dar garantias!
E os filhos? São da responsabilidade dos pais! E os bens? 15 kg...
As perguntas (e os consequentes comentários) eram de tal modo descabidas por parte de certas pessoas que o ambiente na sala já era de discreta galhofa e risada... Até que o dono de um restaurante local se chateou e pôs os pontos nos ís! Há quem tenha muito tempo e dinheiro investido neste país e esteja a viver estes momentos com maior aperto.
Também convenha-mos... o embaixador deu o mote para a coisa descambar... dizer em alto e bom tom que devíamos começar a tratar dos vistos para entrar na Austrália... e depois tentar emendar a mão com um “mas tenho a certeza que em situação de emergência não será necessário”, foi lindo! Aqui toda a gente sabe que não é preciso visto para entrar na Austrália.

Não aprendi nada de novo mas a reunião foi importante. Já era tempo da embaixada se dirigir directamente á população tuga residente. No fim as pessoas estavam menos apreensivas.
E mais, constatei que nesta pequena cidade ainda há muita gente portuguesa que não conheço.

Hoje já é dia 24. A situação piorou bastante e o governo de Timor já pediu ajuda internacional. Hoje aterra um avião do exército australiano... é pena as coisas terem que chegar a isto. Para o povo timorense é um revés na moral. Para Timor é péssimo!... ficar a dever favores a nações tão “interessadas em ajudar”... principalmente numa altura em que se estão a definir relações comerciais importantes, como o concurso que decorre para escolher as empresas que vão explorar o petróleo do mar de Timor... não é famoso.
Nada disto é famoso... Vamos ver no que isto dá.

13 MAIO . Á DESCOBERTA DE BALI

Foi à duas semanas e éramos três - eu, o Gonçalo e a Isabel que (toda contente) já não voltava. De lá seguiu viagem de regresso a Portugal para perto do seu “Valter” essa mítica figura de que tanto ouvimos falar nos últimos três meses...
Ficámos em Kuta no Masa Inn um sitio bastante central para se passar quatro dias na cidade. Dali saímos todos os dias para palmilhar as ruas e ruelas de Kuta city. É uma cidade bastante turística. Cheia de lojas e lojecas, tendinhas, restaurantes e bares para sair à noite, é um bom sítio para quem vem de Dili e quer desanuviar um pouco.
A cidade tem a estrutura típica de localidade costeira e desenvolve-se paralela à linha de mar, virada para a costa, separada a urbe da praia por uma marginal.
A praia de Kuta é um areal extenso a perder de vista e nela acontecem todo o tipo de actividades, desde o trivial banho de sol e de mar até estranhos encontros religiosos (parecia uma seita china), arrendamento de pranchas de surf de todas as cores e feitios, venda de comida e refrescos e de todo o tipo merdeliçes inúteis, e oferta de serviços de massagem Bali Style. Enfim um reboliço dos diabos! Escusado será dizer que ali não fiz praia - Mas também praia tenho eu bastante em Timor.

A estrutura urbana é incrível. Existe uma dúzia de vias principais estruturantes onde circulam carros nos dois sentidos. No espaço sobrante estão os edifícios numa infindável mancha rendilhada de ruelas tão estreitas que só passa um carro de cada vez. O admirável é que todas estas ruas tem dois sentidos e nelas transitam carrinhas, carros, motas e pessoas! Para completar o quadro as bancas das lojas de rua estão sempre montadas à porta na estrada! Neste cenário depressa percebemos porque as scooters são tão populares por estas bandas. Muitas vezes tive que entrar numa loja para deixar passar um carro.
Esta foi para mim a parte mais engraçada de visita. Descobrir a cidade aos poucos, a pé, andar perdido por aquele tecido caótico e de repente fazer uma paragem numa qualquer banca de rua para beber um sumo natural (delicioso!) e refrescar do calor a olhar para um templo de rua hindu a transbordar de oferendas.

Uma das “promessas” mais faladas de Kuta, é a noite afamada dos clubes nocturnos. Cheios de estrangeirada mas também muitos nativos são espaços onde as pessoas vão para beber uns copos e fazer loucuras. Havia para todos os gostos desde os menos “recomendáveis” até aos mais triviais... Fomos a todos! “When in Rome...”
O assédio era indescritível e demos por nós sem conseguir olhar para onde quer que fosse por mais de 1 minuto sem corrermos o sério risco de sermos “abordados” por todo o tipo de gente, feminino e masculino e ainda alguns que até nessa matéria deixaram duvidas... O único que evitou estar-mos toda a noite a dizer “Épa, não obrigadinhos!” foi o facto de estarmos com a Isabel e isso parecer criar algum constrangimento no á vontade das criaturas...
Muita musica ao vivo, muito gente, muita cerveja e algumas bailarinas dentro de jaulas no palco, assim se passavam as noites em Kuta onde o regresso a casa nunca deve ser feito antes das seis da manhã (são muitas discos).

Cansados de tanto andamento marcamos uma excursão para ir até ao Monte e Lago Batur que ficam na zona norte da ilha a 1.700 metros de altura. A microlete pára à porta do hotel ás 8 da manhã, e nós vimos o pequeno veiculo com agrado pois havia a expectativa de irmos só nós e assim podermos “moldar” o programa à nossa vontade. Logo constatámos que íamos buscar um “Sean qualquer coisa” a outro sitio... mas este acabou por se revelar um grande bacano e acabámos por fazer todos uma bela viagem até ao vulcão Batur.

“1st on programme, traditional dance!” (com sotaque indonésio!).
Até tremi a pensar na estopada que ia apanhar... Danças?!? Esta era aquela parte que eu queria bi-passar quando pensei em moldar o programa... bom, vamos lá a isso. Entrámos e nem pareceu muito mau... meia dúzia de turas como nós e uma banda a tocar musica tradicional! Estávamos nós já confortavelmente sentados na nossas cadeirinhas de plástico com os pés cortados (para o pessoal de trás ver...) quando entram ordes de turas chinas e japs para enpacotar o recinto! Ok! era previsível.
A sorte é que as máquinas digitais já não fazem muito barulho a disparar. No final a dança até foi bastante educativa – contava a história tradicional onde o bem vence o mal e sobre a qual o hinduísmo Balinense assenta.

Seguimos caminho e passámos por uma série de aldeias onde se produzem várias artes tradicionais Indonésias. Assim fiquei a saber que a ilha de Bali é toda ela um grande centro de produção artística dentro da gigante estrutura indonésia. Trabalho em madeira, pedra, osso, bambo, batik, pintura, prata e ouro são desenvolvidos na Ilha e “exportados” para o resto do país. Sempre ao chegar-mos às aldeias vimos lojas e oficinas a produzir e vender os produtos daí característicos. É que cada aldeia especializa-se numa certa arte e como resultado os produtos e o próprio artesão e a sua arte são identificados com determinadas zonas da ilha.
Passámos por lindíssimos campos de arroz sulcados na encosta da montanha e visitámos uma quinta de produção de café, cacau, e fruta onde provámos vários produtos regionais e fiquei a conhecer frutas que nunca tinha provado como a snake skin fruit e outra que era deliciosa, uma prima do maracujá.

Mais à frente parámos num templo Hindu com mais de mil anos.
Para o visitar tivemos que vestir uma “saia” vermelha e azul para tapar as pernas em sinal de respeito. Os templos de aldeia (ou vila ou cidade) são os recintos religiosos mais importantes e normalmente são murados e tem uma porta de entrada em pedra ricamente trabalhada. Ao subir uma pequena escada passamos a porta e chegamos à plataforma de pedra onde todo o templo se desenvolve. Estamos no espaço mais público do templo, dois edifícios em madeira e telhado de colmo ladeiam a entrada e dão forma ao pátio. Mais à frente uma outra porta abre para o pátio semi privado, com uma escala mais intimista, está cheio de edifícios e altares incrivelmente decorados e trabalhados em pedra e madeira. No fim, ao fundo a passagem para o espaço mais intimo. Cada edifício tem a sua símbologia e função específica e implantam-se dentro do recinto sobre uma lógica de zonas mais ou menos privadas, representando a graduação espiritual dos percursos do templo.

A nossa guia Dee era uma pequenita indonésia muito bem disposta que nos foi pondo a par das trivialidades do quotidiano balinense hindu e respondendo ás nossas mais que ignorantes perguntas.
Bali é 90% Hindu e o resto são islâmicos, católicos e alguns budistas... O Hinduísmo Balinense rege-se por ciclos semestrais e é extremamente dedicado a uma série inumerável de figuras religiosas com nomes impronunciáveis mas que na altura da explicação fizeram bastante sentido.

Os Hindus à semelhança dos cristãos acreditam num só deus e que este se revela sobre várias formas, no caso dos Hindus são aqueles icons que tanto tornaram Bali popular dentro da cultura ocidental. Falo dos elefantes alados com rabo de peixe, das mulheres com seis braços, dos macacos guerreiros, dos homens com cabeça de tigre, das serpentes e dragões, os porcos alados (há muita coisa alada...)... enfim daquela panóplia de divindades que já todos conhecemos.
Embora acreditem no poder do bem sobre o mal, respeitam estas duas forças em equilíbrio e rezam tanto aos deuses bons como aos maus - aos bons para se chegarem e aos maus para se chegarem para lá... acreditam que cada pessoa nasce com mais quatro “almas irmãs” que a acompanham toda a vida que regulam os estados de espirito das pessoas, e que a formação do caracter do indivíduo é o resultado de como o EU lida com as 4 irmãs. (Dá para entender?) Essas almas estão identificadas, são (mais ou menos) a bondade, a maldade, a responsabilidade e a inconsequência. Se hoje te sentes particularmente maldoso... fala com a mana maldade, tenta convencê-la a não sair... e a mana bondade também pode entrar na conversa! - Pelos vistos este é um país onde todos tem amiguinhos imaginários...

O ciclo interminável das rezas. De manhã ao iniciar o dia na cozinha faz-se uma oferta aos deuses para agradecer a comida. Chaga-se ao trabalho faz-se uma oferta para abrir a loja e pedir sorte para o dia. Ao almoço outra oferta de comida. Ao fim do dia fecha-se a loja e agradece-se o dia com a oferta da tarde... se a loja abre à noite, mais ofertas! E nós perguntávamos “todos os dias?”, “isso é nos dias normais porque nos dias de festa há mais!!”.
A oferenda básica consiste nuns pequenos cestinhos quadrangulares de palha onde se mete o ingrediente base da oferenda – flores, mais outros objecto representativos do momento e pedido especifico da oferenda. O mais comum é encontrar comida como arroz e bolachas mas também vi cigarros e bijutarias de plástico...
Á uma semana tinha acontecido uma festa religiosa semestral chamada “o dia amarelo” e por isso todos os altares e templos estavam enfeitados com flores e panos amarelos e as estradas tinham nas bermas grandes varas de bambo e palmeira com oferendas penduradas. Tivemos sorte!

No regresso ainda ouve uma paragem na monkey forest (em português, grande macacada) onde depois de ler todos o sinais afixados e de ouvir todas as recomendações relativas á alimentação dos espécimes resolvi que era mais seguro não comprar as ditas bananas e simplesmente passear... e nem foi mal pensado! Parece que os animais quando vêem uma banana passam-se e só param quando a têm na boca! Vi muito boa gente (todas mulheres...: ) a gritar de susto com os avanços do macaquedo e a ter que largar a fruta antes de apanhar com um mono em cima! Muito bom! : ) Foi bastante educativo... O espaço em si, a “floresta” era engraçada. Um verde cerrado que não deixa ver para além das primeiras árvores, atravessado por passeios de pedra que acompanham suavemente o terreno e permitem dar um pequeno passeio. Vimos muita macacada, esquilos e até um grande morcego. Ouvimos a passarada e os sons do mato... com alguns gritinhos pelo meio.

Essa noite foi calma, jantámos uns noodles e ficámos à conversa até o cansaço bater forte..

Bali foi bom.
Não é o que nos vendem no ocidente, e por isso esperava algo diferente... mas mesmo assim foi bom. Bali povoa o nosso imaginário vacationesco à demasiado tempo para ser encarado de ânimo leve e por isso havia alguma expectativa.

terça-feira, maio 09, 2006

Isto está a apertar!

Pois é pessoal, grande confusão.
É preciso pontaria... resmas de momentos em que estes gajos podiam arrebentar com o esquema e escolheram logo quando eu cá estou!

Bom, devem andar a seguir as coisas aí em portugal... mas já percebi que as noticias que chegam são um pouco alarmistas. Tenho seguido a Lusa e dá para ver o estilo...
A verdade é que nas ultimas duas semanas não se passou nada! Para além da manif de sexta 28, do tiroteio seguinte e de uns incidentes localizados fora de Dili isto tem estado calmo.
Tenho feito a minha vida normal... com algumas restrições à noite, e com a mala semi-feita para evacuar a qq hora. Mas o dia a dia faz-se entre o trabalho e casa e por isso não notamos nada de especial... a cidade está bastante mais vazia... mas eu até gosto mais assim.

É uma seca viver nesta expectativa! E os rumores?! Bem, nunca imaginei o poder dos rumores! desde essa sexta que os rumores dominam a cena quotidiana e fazem dos dias uma incerteza constante. Ando sempre com o portátil ás costas... que é a única coisa de real valor que tenho.. para além da vida claro!
Isto é tudo uma politiquise da treta! É uma parte da Fretilim a querer derrubar o governo... só que no terceiro mundo, estas coisas facilmente descambam para um golpe de estado ao estilo de "guerra civil para mais trinta anos".

Para além disso há todas as teorias de conspiração acerca do envolvimento de potencias tipo USA e Australia a dár força aos contestatários... A ideia no ar é que quem dominar o partido Fretilim domina o orçamento de estado e os lucros do petróleo e se fôrmos a ver bem, existe muita gente a querer pôr a mão nesse negocio.
Para além disse o embaixador dos EUA fez declarações alarmistas e duvidosas quando tudo ainda estava bastante calmo e a funcionar normalmente.
Os Américas já evacuaram o pessoal da peace corps todo e também por isso foram acusados de ser alarmistas e darem demasiada importância a uma situação que requer a atitude contrária. Quanto menos importância se der a este assunto, menos força tem os contestatários. Por isso os Américas vão-se lixar e acho que nunca mais voltam a Timor.

Po um lado há a indonésia que já se está a por a jeito para "ajudar" a conter a cena, por outro os austrálias já avisaram que entram à bruta se a coisa ficar preta.... estão a vêr o cenário não?

Parece que hoje as coisas aquecem... temos um contacto priveligiado com alguêm que anda envolvido nas negociações entre os dois lados e contou-nos que hoje ao meio-dia acaba o prazo para o PM se demitir. É uma exigência dos 10 distritos mais ocidentais de Timor Leste que apoiam os militares peticionários - que a meu ver não passa de uma desculpa para derrubar o governo. Mas é assim... com 80% de analfabetos e a uma história de guerilha e fuga não seria de esperar outra coisa... qualquer fanfarrão chega e manipula o cenário a seu favor.

Democracia?!? isso fica para depois!... sabes qual é a opinião generalizada sobre o Alkatiri ? é que é arrogante e antipático... e o pessoal aqui não gosta de dirigentes assim. Por isso faz-se uma guerra para remediar a coisa.
Á conversa digo-lhes "épa dirigentes arrogantes temos nós ao pontapé e não lhes pregamos um balázio!!" - sabes o que eu sinto? é que este pessoal tem sede de guerra. Já não é o primeiro que me faz sentir isso. Acham que resolvem tudo à porrada! Aparentemente são muito pacificos... mas têm o pavio curto.

Parece que ontem morreu um policia em Ermera e isso veio agravar o cenário por isso hoje fomos convocados para uma reunião de emergência sobre segurança na embaixada de portugal.É a primeira vez que nos convocam por isso é capaz de ser grave, se calhar temos de avacuar... e quem sabe voltar a portugal. Tenho pena se isso acontecer.
De qualquer maneira andamos preparados para todos os cenários e esse é dos melhores... Pior é ficar cá com isto tudo a arrebentar e depender dos nosso "planos de emergência" para salvar a pele.

sábado, abril 29, 2006

CONT.

Mas convenhamos... a cidade de Dili até é um local bastante pacato. E estas coisas que eu descrevo são uma pontinha do que eu imagino que exista para conhecer e apreender deste ambiente.
Por causa da barreira linguistica e cultural eu noto que há muita, mas muita coisa que me passa ao lado.
Agora que já cá estou à um mês, até a considero uma cidade bastante equilibrada.
Por exemplo a questão dos esgotos a céu aberto - Para um ocidental, num primeiro impacto é algo que cria repulsa... mas quando olhamos melhor vimos que até funciona bastante bem! As casas mais humildes não tem casa de banho, ou seja a maior parte das casas, e por isso não existe muita carga sobre esse sistema básico. Como a cidade é varrida com frequência por chuvadas torrenciais, acaba por levar tudo... e eu até agora ainda não cheirei assim nada de muito grave! E os porcos têm onde tomar banho!! : )
Os porcos, esses sim! Isto está bom é para eles! Eles também tem um papel importante pois acabam por “processar” muito do lixo produzido e nesse sentido ajudam estes mecanismos a funcionar.

Aliás, Dili até não é uma cidade suja. Tem o seu lixinho ocasional como qualquer capital de pais subdesenvolvido (como em Portugal...) mas já conheci cidades bem mais porcas. Além disso a população é pobre e por isso não desperdiça e não produz lixo como nós fazemos no mundo acidental. Lá está o tal equilíbrio de que eu falava...

Ok... tudo isto não compensa a seca que é ter que parar constantemente para deixar passar porcos e cães na rua... nem as dores de costas que ao fim de duas semanas eu já tinha por andar no carro sempre a abanar de um lado para o outro... mas dão algum sentido ao que inicialmente parecia um Farwest oriental.

Agora que tudo indica que o país tem condições para crescer, todas essas coisas vão ter que ser traçadas de raiz e dimensionadas para uma cidade desenvolvida. Dili vai crescer muito rapidamente e vai ser preciso começar quanto antes com todas essas obras! Coisas básicas como esgotos, estradas e passeios, fornecimento de energia e segurança tem que ser garantidas para uma cidade funcionar.

Agora imaginem. Um país passa 30 anos numa guerra de guerrilha contra um vizinho milhares de vezes mais forte, e ainda por cima apoiado por aquelas super potências mundiais do mais asqueroso, como os U.S. of fu.... América e Rússia. Ou seja passa 30 anos, uma geração inteira, a cuidar somente da sua sobrevivência. A aguentar o barco...
E quando chega finalmente a hora de se libertar e conduzir um país para um estado democrático com uma economia estável e crescente, vê-se em mãos com um problema grave! Não há massa cinzenta suficiente! A maior parte das pessoas está talhada para a guerra ou para fugir dela e os poucos carolas que se refugiaram e voltaram depois da guerra e que representam a nata da política Timorense, só chegam para ocupar os cargos de maior importância.
O resultado é uma grande inércia da máquina política. Existe capacidade de decisão aos níveis mais altos, mas não aos mais baixos e muito menos capacidade de execução. Não existem os meios e o dinheiro para os adquirir anda muito controladinho... e passa por processos no mínimo singulares! Por exemplo. A corrupção mina sempre estes estados jovens... e porque eles não são parvos, encontraram uma solução de controlo bastante eficiente. A ministra da finanças assina TODOS os cheques da despesa pública!! Sim, não está mal pensado de todo... mas a pobre mulher não deve fazer outra coisa! E não dá vazão a tudo!
Ainda vai levar algum tempo até as coisas começarem mesmo a funcionar.

Á uns dias fui logo de manhã a uma reunião num órgão do estado. Pois bem... foi um espectáculo. Enquanto levava com a descomunal seca que suas excelências se dignam constantemente de nos pregar!! Observei as criaturas que se “moviam” dentro da sala. Entre vários personagens em amena converseta matinal da qual se depreendia que o tema principal éramos nós “os malai”, havia uns que se dedicavam com particular animo a actividades apático-vegetativas como uma das secretárias que esteve durante todo o tempo que nós esperámos refastelada na cadeira a olhar para a outra com a boca semi-aberta e uma carta na mão encostada ao rosto! Ora, eu e o Isaque já especulávamos sobre as capacidades telepáticas da senhora e o seu esforço em abrir a carta... mas quando o director chegou descobrimos que era simplesmente uma carta para ele.

Ou a questão dos arranjos das estradas. Desde que cheguei já vi vários trabalhadores a arranjar os buracos das estradas. Eles cortam o asfalto para fazer buracos quadrados (como só à pouco tempo aprendemos a fazer em Portugal), enchem o buracos com gravilha e terra e compactam aquilo tudo muito bem!... mas depois... desaparecem!! PUF!! Gone baby! E claro está, as chuvas e os carros encarregam-se rapidamente de os transformar outra vez em buracos... mas quadrados. Lindo!
São os tais mistérios que ainda não desvendei! Ainda tenho esperança... já ouvi uma teoria que dizia que a pedra comprada à china para fazer o asfalto não era de boa qualidade!?!?! E por isso foi devolvida... mas parece-me um pouco rebuscado... e também a pessoa que me contou, quando o fez, já não estava em controlo de todas as suas capacidades...

A MANIF

Eu para aqui a falar de cidade, desenvolvimento e estabilidade, mas a verdade é que estes dias aqui em Dili têm sido bastante instáveis.
A situação dos soldados peticionários agravou-se e a manifestação na sexta feira tornou proporções graves e nós estava-mos a ver a coisa a dar para o troto...
É bastante difícil perceber o que se passa à nossa volta quando não entendemos um chavo da língua local e a maior parte das pessoas não fala inglês e muito menos português (isso do português é um mito que nós gostamos de manter... saudosismo neocolonialista talvêz...).
Nós sabia-mos que estavam a haver manifs no centro, e aliás estávamos avisados para evitar a área... mas como é que se acompanha a coisa em tempo real? Como é que sabemos se é mesmo seguro andar por aí? Aí é que está a questão, não sabemos! E quando a coisa estoura é melhor não estar no sitio errado!!
Tinha-mos acabado de almoçar e estava-mos a relaxar um pouco em casa a olhar para a tv... (o Isaque já roncava) e a determinada altura começo a notar uma agitação anormal na estrada. Lembram-se da questão dos buracos e dos 30 à hora nas estradas? Pois bem, nessa altura não se aplicava! a estrada em frente da nossa casa tem uma cratera com 20 metros (buraco muito bem rectificado e compactado) mesmo em frente e o pessoal estava a passar a uma velocidade estranha por alí... e a levantar muito pó! E a determinada altura passa uma carrinha de caixa cheia de putos e com o impacto ia deixando uns pelo caminho!! E muitas motas e muita gente a pé a correr! - Epá algo se passava por alí, o que era estranho pois a nossa casa fica bastante afastada do centro - e a determinada altura passam várias viaturas da policia a varrer o pessoal todo e a fazer dispersar o maranhal! ... Fomos à procura da nossa empregada... nada! Tentámos telefonar para vários sítios...nada! E a única pessoa que estava por perto até falou... tetum ou bahasa!
Já tinha-mos sido avisados... o pessoal daqui, quando lhes cheira a confusão não ficam para ver o que é! Pode ser o teu braço direito, qualquer um! Não dá para contar com eles! Também não os condeno... já devem ter visto e vivido cada situação...
Estava-mos por nossa conta. Tinha-mos que fazer algo mas não sabia-mos bem o quê! É mais seguro em casa ou no escritório?!? A casa tem grades e arame farpado (e que por isso é linda de morrer...) mas estava-mos sozinhos sem perceber nada do que estava a passar lá fora! No escritório estamos mais acompanhados, percebemos o que se passa e também é bastante seguro mas fica por cima de um supermercado e esses são os alvos preferidos das multidões ao saque! Duvidas, duvidas... decidimos dar um pulo ao escritório que fica a 2 minutos e na direcção oposta à confusão. Mas não conseguimos chegar a lado nenhum pois havia barricadas de policia por todo o lado. Ok... rendidos às evidencias... voltámos para casa e fomos ver um DVD! Relaxar e deixar a coisa passar.
Mais tarde apareceu o pessoal da Ensul e contaram-nos o que se tinha passado e que já se podia circular nas estradas.
Eles tem o escritório bem no centro e viram as coisas mais de perto.
Os ânimos tinham-se exaltado em frente ao palácio do governo e os manifestantes acabaram por ter que ser varridos dalí para fora pela policia! Houve carros queimados e muita janela partida e o pessoal estava com medo que a coisa descamba-se para um motim em massa pois aqui quando isso acontece começam saquear as lojas e a destruir a cidade toda.
Aquilo que nós vimos em frente á nossa casa foi o resto do pessoal a dispersar.

Por acaso até tinha estado no adido da segurança da embaixada de Portugal na quarta feira, e tinha ficado descansado pois eles tem um sistema que avisam com sms como é que as coisas andam.
Foi engraçado ir lá...adido da segurança e tal... aquela coisa toda à volta da segurança da comunidade portuguesa... a responsabilidade do estado, os mecanismos de alertas, os planos de recolha e evacuação do país... enfim, uma grande conversa para no fim ficar com a sensação de que estou por minha conta!!
Aqui é o cada um por si! reparem bem, o planos de recolha existem mas cada um vai na sua viatura! ou seja não é bem “recolha”, é mais “se conseguires aparece!!”. Nós cá não temos forças armadas e por isso não temos meios nenhuns de recolha, dependemos completamente das forças internacionais e como é obvio eles safam primeiro os seus e depois os outros!! O rendez-vous é na casa do embaixador português.. que para nós representava irmos ao encontro da confusão! E depois o transporte aéreo por helicóptero até ao aeroporto está dependente da disponibilidade da UNTAED! Uma vez no dentro do avião estamos dependentes da permissão da Austrália para entrar no pais, mas avisaram-nos logo que em caso de surto de gripe das aves isso é impossível e ficamos no ar a pedir autorização outros países para aterrar... Não é lindo?!? Isto se tudo correr mal... pois se correr bem, a coisa passa e nós ficamos todos felizes por não ter que pôr o plano á prova!
Ah! Mas para rematar convêm contar que tudo isto, os alarmes e as ordens, surgem por sms! E que quando se deu a bronca de sexta a primeira coisa que pifou foram as comunicações!! Tanta gente a falar entupiu as linhas e era impossível falar ao telelé. Ainda mais lindo!

Estes acontecimentos fizeram danos colaterais... tive que adiar o fim-de-semana em Bali. Era para sair hoje mas a situação continua instável e convém ficar por cá de olho nas coisas. Por isso escrevi tanto.